sexta-feira, 24 de setembro de 2010

400 mil usam ciclovias no DF

Os amigos Emerson Roberto, 34 anos, e Nadison Batista, 27, comemoram a construção da ciclovia que passa dentro do Park Way. “Todos os dias vamos de bicicleta até o trabalho, que fica em Águas Claras”, diz Emerson, morador de Taguatinga. “Se tivesse que pegar ônibus, chegaria mais tarde no serviço por causa do trânsito intenso”, completa, enquanto o amigo Nadison reafirma a importância do projeto das pistas exclusivas. “Elas ajudam na melhoria da saúde das pessoas, além de desafogar o trânsito”, elogia.

Emerson e Nadison não são exceções. Segundo dados colhidos pelo Governo do Distrito Federal em 2009, mais da metade dos ciclistas (50,92%) utiliza as vias exclusivas para ir e voltar do trabalho com mais agilidade e segurança. O presidente da ONG Rodas da Paz, Ronaldo Martins Alves, estima que atualmente cerca de 400 mil pessoas utilizem as ciclovias no Distrito Federal para alguma finalidade. Destas, entre 200 mil e 250 mil vão trabalhar usando a bicicleta.

Alves explica que a construção das ciclovias do Distrito Federal é planejada para atender às necessidades de todos os usuários. Além desses 50,92% que usam as ciclovias como meio de transporte para o trabalho, outros 13,84% vão às aulas pedalando. As pistas exclusivas também são usadas para finalidades esportivas (8,86%), de lazer (14,35%), assuntos pessoais (6,93%), compras (2,14%) e outros (2,97%). “Mais do que atender o lazer, a ideia do sistema cicloviário deve ser montar um esquema severo de mobilidade sustentável para essas pessoas que trabalham”, explicou ativista.


Além de gerar economia, o transporte por bicicleta garante aos trabalhadores mais qualidade de vida, além de menores danos ao ambiente, com a redução de emissões por parte dos ônibus e automóveis que deixam de circular. Para isso, porém, é essencial que os trabalhadores encontrem vias seguras e bem sinalizadas no caminho até o trabalho. “Quem depende da bicicleta para economizar dinheiro e comprar comida no final do mês tem que ser priorizado”, diz o presidente da ONG Rodas da Paz.

Conforme dados o levantamento feito pelo GDF, a principal razão para que os usuários optem pela bicicleta é a economia (47,27%) em relação a outros meios de transporte. Outros 16,7% preferem utilizar a bicicleta para várias finalidades em razão da saúde proporcionada pelo exercício físico. Maior parte dos usuários das ciclovias é formada por trabalhadores empregados (41,34%), estudantes (24,17%) e autônomos (15,72%).

Mais segurança no caminho
Segundo a ONG Rodas da Paz, nos últimos 14 anos, 723 ciclistas morreram no trânsito do Distrito Federal. Somente nos cinco primeiros meses de 2010, foram registradas 18 mortes pelo Detran. Na última quarta-feira (22), no Dia Mundial sem Carro, além de estimular o uso da bicicleta como veículo alternativo, a organização alertou os ciclistas para algumas medidas simples – como o uso de roupas claras ou chamativas – que garantem maior segurança no percurso (veja dicas abaixo).

No sentido de oferecer mais segurança aos ciclistas, a principal medida adotada pelo GDF é a ampliação da rede de ciclovias. Atualmente, o Distrito Federal conta com 160 quilômetros de vias concluídas. A meta do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) é chegar ao fim de 2010 com 300 quilômetros de pistas prontas, ligando o Plano Piloto às demais cidades do DF. Nos próximos anos, a meta é do Distrito Federal é de 600 quilômetros. Segundo o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta do Ministério das Cidades, hoje, as ciclovias existentes em todo o Brasil somam mais de 2,5 mil quilômetros de extensão.

Conforme o presidente da ONG Rodas da Paz, uma campanha adequada de educação no trânsito (confira algumas dicas abaixo) – aliada a um projeto de ciclovias definitivo – evitaria muitos acidentes. “Isso é o que estamos buscando para diminuir os acidentes”, afirma Ronaldo Martins Alves. “As ciclovias que foram terminadas foram muito bem planejadas e trouxeram benefícios para a população. Mas agora estamos aguardando o término do projeto”.

Enquanto isso, os moradores das regiões já beneficiadas comemoram as melhorias trazidas pelas ciclovias concluídas. Para a moradora de Águas Claras Neuza Andrade, 47, a ciclovia trouxe segurança e oportunidade de lazer. “Venho de ônibus, desço na EPTG e sigo caminhando até minha casa”, diz a servidora pública. “A pista é segura e ainda faço minha caminhada no fim da tarde. Antes, andávamos no acostamento da estrada ou no barro”. Além das ciclovias (vias exclusivas), o Distrito Federal conta ainda com mais de 60 quilômetros de ciclofaixas (vias compartilhadas) para pedestres e ciclistas.

Para ir e vir com tranquilidade
Hábitos simples são muito úteis no dia-a-dia do ciclista. Veja as dicas abaixo e fique atento:

Sempre e em qualquer lugar
• Seja educado
• Obedeça às leis de trânsito
• Tente antecipar a reação do trânsito. Olhe longe. Pense adiantado
• Se possível, evite ruas e avenidas movimentadas
• Não faça ziguezague. Procure pedalar mantendo uma linha reta
• Use roupas claras ou de cores chamativas, sempre. Elas facilitam que o ciclista seja visto, evitando acidentes
• Utilize luzes traseiras (vermelhas) e dianteiras (brancas). Elas auxiliam na visualização do ciclista. Se isso não for possível, coloque refletores. São de fácil acesso e também ajudam na visualização. Mantenha-os limpos
• Use capacete sempre, mesmo transitando em baixa velocidade. O equipamento protege a cabeça, diminuindo os riscos de o ciclista sofrer graves ferimentos, caso colida com outro veículo
• Utilize sapatos fechados. Estes calçados são os mais indicados para pedalar. Sandálias abertas podem prender o pé, machucar ou dificultar os movimentos
• Não pedale muito próximo ao meio fio
• Não fique olhando para trás, preocupe-se com o que vem pela frente. Em menos de 1% dos acidentes, o ciclista sofre uma colisão traseira. Só olhe para trás quando for realmente necessário
• Mantenha a bicicleta (e os seus dispositivos de freio, tração e sinalização) em bom estado
• Não use aparelhos portáteis de som (walkman, rádio ou MP3 player) com fone de ouvidos
• Aprenda a ouvir o trânsito
• Em descidas fortes, evite deixar a bicicleta embalar demais
• Fique atento com mudanças de piso e suas diferentes aderências. Tampas de bueiro em aço ou sinalização pintada no solo quando molhadas escorregam muito
• Nunca chegue correndo em cruzamentos, esquinas ou saídas de estacionamentos
• Esteja sempre com a marcha correta engatada. Antes de parar a bicicleta nos cruzamentos, engate uma marcha que lhe permita arrancar rápido
• Próximo a árvores pode haver raízes perigosas. Evite passar muito próximo delas
• Pedale tranqüilo. Ande de forma que seu comportamento transmita segurança aos outros


Em relação aos motoristas
• Sempre sinalize suas intenções. Se possível, sinalize com o olhar (para o motorista ou pedestre) qual caminho pretende seguir. Se não é possível ver o olho do motorista, olhe para as rodas dianteiras do carro
• Ande na mão de trânsito. O motorista de um veículo não está preparado para encontrar alguém que esteja na contramão
• Mantenha-se à direita da mão de direção
• Não pedale onde o motorista não pode vê-lo
• Nunca force uma situação contra um carro, moto ou ônibus
• Com chuva ou chão escorregadio diminua a velocidade. A chuva também prejudica a visibilidade de todos, inclusive dos motoristas. Sob chuva, redobre a atenção
• Tenha cuidado com portas de carro se abrindo
• Motoristas de veículos grandes não têm boa visibilidade externa. Portanto, o ciclista deve guardar distância


Em relação a pedestres e outros atores
• Respeite o pedestre, sempre. Pedestres têm prioridade sobre ciclistas. Lembre-se que você também é um pedestre. Respeite para ser respeitado
• Um pedestre pode mudar de direção de maneira muito brusca. Aproxime-se devagar, avisando sua chegada e passe guardando distância
• Fique atento com patins e skates. Eles também mudam de direção muito rápido
• Cachorros e gatos têm reações inesperadas. Evite assustá-los

Fonte: Rodas da Paz

Um comentário:

  1. Precisamos apoiar iniciativas como essas para todo o DF, ciclovias seriam de grande valia para todos nós. Por exemplo, no Sudoeste, caso a quadra 500 seja aprovada, teremos grande volume das mesmas. É importante que consigamos apoiar iniciativas como essa que com certeza irão promover melhorias para todo o DF.

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