Professor de geografia prevê que a urbanização acelerada vai transformar a capital federal em uma grande metrópole rodeada
Uma capital em processo de mudança em sua estrutura física e ambiental. É assim que o professor de Geografia da Universidade de Brasília Aldo Paviani define as recentes transformações em Brasília. “O cinturão verde previsto por Lúcio Costa já não se vê mais. Em 20 anos, Brasília será uma São Paulo”, comparou. A palestra de Paviani fez parte do Seminário Brasília 50 anos: da capital à metrópole, realizado nesta sexta-feira, 2 de outubro, no Auditório da Reitoria. Todas as discussões do encontro que reuniu 15 pesquisadores serão transformadas em um livro da Coleção Brasília, publicada pela Editora UnB.
O crescimento vertiginoso da população, a ocupação de áreas cada vez mais afastadas do centro e os problemas de gestão do território foram os principais temas abordados no encontro. Na opinião de Paviani, os governos do Distrito Federal e de Goiás têm que estabelecer um compromisso de ter uma metrópole funcional, com gestão compartilhada.
Pesquisa do professor de Arquitetura Benny Schvasberg mostra que o crescimento urbano na capital federal se dá de forma polinucleada (com vários núcleos), com distâncias enormes separando as cidades do centro (Plano Piloto). Ele critica a inexistência de diálogo entre o modelo territorial do DF e os planos diretores de municípios goianos. “São poucos os esforços de articulação, como consórcios intermunicipais para prestação de serviços públicos como coleta de lixo, abastecimento de água e transporte”, observou.
Para ele, o grande desafio está na construção e na implementação de um novo modelo de gestão e de planejamento metropolitano. Schvasberg aponta três atores como responsáveis por promover mudanças: movimentos ambientais, movimentos populares de luta pela moradia e partidos políticos. “Há uma lacuna na política urbana brasileira. É preciso enfrentar a cultura municipalista para se chegar a uma gestão metropolitana com visão de desenvolvimento integrado”, completou.
CONDOMÍNIOS - A professora de Antropologia Cristina Patriota, por sua vez, lançou um novo olhar sobre os condomínios horizontais do DF. Ela afirmou que o conceito foi generalizado para qualquer tipo de ocupação irregular do solo. “A proliferação de condomínios influi no debate sobre a capital. Já se fala que 25% da população do DF vive nesses locais, que são sinônimos de parcelamentos irregulares. Precisamos entender o que a população chama de condomínios: se são clubes, favelas ou cidades”, questionou.
A antropóloga fez uma pesquisa etnográfica em lugares como Vicente Pires, Grande Colorado e áreas de baixa renda na Ceilândia. Ela constatou que os condomínios horizontais seguem uma tendência global de expansão de áreas residenciais, mas no DF se diferem em sua forma e estrutura. “Há uma confusão no conceito. No Lago Sul, por exemplo, os espaços são exclusivos, com áreas verdes, lazer, bens e serviços coletivos. Já na Ceilândia, os locais são de baixa renda e sem infraestrutura”, destacou.
Joana Wightman - Da Secretaria de Comunicação da UnB
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