Há alguns anos em Brasília, há muitos em outros lugares do mundo, pessoas se reúnem na última sexta-feira de cada mês para colocar bicicletas nas ruas e reivindicar uma cidade mais humana e menos opressora. Para celebrar o transporte acessível e ecológico. Nas gringas, chamaram de Critical Mass, por aqui a gente apelidou de Bicicletada. A propulsão humana contra a tirania do Apocalipse Motorizado. Circulem: os cartazes, as idéias e as bicicletas.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Manual integração da bicicleta na engenharia de trânsito de cidades latino-americanas e européias de porte médio
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Bicicletas públicas em Brasília?
Morador do DF poderá se deslocar de bicicleta
(23/09/2009 - 10:16) Um novo meio de transporte, ágil e livre de poluentes, deverá ser disponibilizado à população do DF ainda este ano. Assim como acontece nas cidades do Rio de Janeiro e Recife, será possível trocar o carro ou o ônibus por bicicleta. Na tarde de hoje (22), a Comissão de Licitação da Secretaria de Transportes recebeu proposta de habilitação técnica e de preço para a outorga de concessão de 50 estações de locação de bicicletas. Apenas a licitante SERTTEL LTDA participou da Concorrência Nº 001/2009. A empresa foi considerada habilitada no quesito técnico. A proposta de preço deverá ser aberta em oito dias. Se o valor ofertado for igual ou superior ao mínimo estipulado em edital para a outorga, que é de R$ 636.544,80, a empresa será considerada vencedora. O contrato deverá ser assinado em meados de outubro. “Pelo edital, a empresa vencedora terá prazo mínimo de três meses para começar a operar, mas vamos tentar agilizar o processo para que as regiões mais congestionadas tenham o serviço ainda este ano”, afirma o Secretário de Transportes, Alberto Fraga. Após a assinatura do contrato, pelo cronograma estabelecido, a região Central de Brasília será a primeira a ser contemplada, com 11 estações. O prazo para implantação é de três meses. Em seguida, será a vez da Asa Sul. Num prazo de até seis meses serão instaladas 12 estações. O Parque da Cidade, a Asa Norte e Águas Claras vão receber 10 bicicletários num período de nove meses. Taguatinga e Ceilândia receberão seis cada. O prazo total para implantação do projeto é de 15 meses. (Confira a tabela anexa)
Por um período de cinco anos, prorrogável por mais cinco anos, a empresa vencedora será responsável pela instalação, operação e manutenção das estações. A outorga incluiu ainda a exploração publicitária padronizada nas estações, bicicletas e demais serviços correlatos, remunerável através da locação das bicicletas e da receita adicional de publicidade. Nos últimos dois anos, o GDF inaugurou 44 km de ciclovias nas cidades de Samambaia (7.5km), Itapoã (6.5km), Jardim Botânico/São Sebastião (12km), Varjão/Paranoá (12km) e DF 001/Barragem Paranoá (2km). As próximas obras em execução são as ciclofaixas, ou sinalização no acostamento, no Lago Sul (69 km) e Lago Norte (19 km), e as ciclovias na DF 079 (8 km), DF 459 (2,6 km), DF 150 (13km) e EPTG (19km). Outros 80 km estão em fase de projeto. A expectativa é de que até o final de 2010 sejam concluídos 300 km de ciclovias. |
Fraga: "essa democracia que vocês querem, só na Grécia!"
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Bicicletada e Desafio Intermodal na TV.
Alexandre Garcia falando da Bicicletada. hehe.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
1º Desafio Intermodal de Brasília - Resultado Parcial
É com muito orgulho e satisfação que anuncio que o 1º Desafio Intermodal de Brasília foi um sucesso, superando inclusive as minhas próprias expectativas.
Quero agradecer o pessoal do RJ, SP, BH, Curitiba e Floripa que organizam os intermodais em suas cidades e me auxiliaram, enviando e-mails com dicas e orientações sobre como organizar essa gratificante tarefa.
Agradeço também a todos os participantes que se dispuseram a percorrer o percurso de aproximadamente 15 km, disponibilizando parte de sua manhã para isso.
Sem o apoio de todos vocês, o esforço teria sido em vão.
A partir de agora Brasília está oficialmente inserida no roteiro dos Desafios Intermodais realizados anualmente em diversas cidades do Brasil.
Dentro de alguns dias, será disponibilizado aqui neste site o relatório completo do 1º Desafio Intermodal de Brasília, contendo o custo de cada deslocamento e a quantidade de CO2 emitido por cada modal.
O relatório ainda trará fotos, vídeos e as impressões pessoais de cada um dos participantes.
Segue o resultado parcial, contendo apenas a tomada de tempo.
Saída: QI 25, Guará II
Horário: 7:22
Quilometragem aproximada: 15 km.
1º - Vinícius Vianna – MOTO
TEMPO TOTAL = 00:27:00
2º - Cláudio Henrique Ferreira – BICICLETA
TEMPO TOTAL = 00:28:00
3º - Osvaldo Nunes – BICICLETA
TEMPO TOTAL = 00:29:00
4º - Francis Lopes Goulart – BICICLETA
TEMPO TOTAL = 00:30:00
5º - Uirá Lourenço - BICICLETA + METRÔ
TEMPO TOTAL = 00:31:00
6º - Yuriê Baptista – BICICLETA
TEMPO TOTAL = 00:40:00
7º - Daniel Mafra - ÔNIBUS + METRÔ
TEMPO TOTAL = 00:43:00
8º - Simone Messias – CARRO
TEMPO TOTAL = 00:57:00
9º - Rodrigo Afonso – BICICLETA + ÔNIBUS
TEMPO TOTAL = 00:57:00
10º - Dea Monteiro – BICICLETA
TEMPO TOTAL = 00:58:00
11º - Beth Davison – METRÔ
TEMPO TOTAL = 01:00:00
12º - Bruno Aragão – ÔNIBUS
TEMPO TOTAL = 01:38:00
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Abraços!
Renato Zerbinato
É Hoje!
Dia 22 de setembro, hoje, é uma data bastante especial. Trata-se do Dia Mundial Sem Carro. Para comemorarmos esse dia bacana, faremos uma Bicicletada extra para encher de sorriso os asfaltos cinzas da capital. Às 18h, na Praça das Bicicletas, ali no museu do Ovo. Todo pedal será bem-vindo contra o apocalipse motorizado, toda bicicleta será bem-vinda pela superação da sociedade do automóvel. Nos vemos lá?
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
humanização das cidades
dica do Uirá:
Na véspera do Dia Mundial sem Carro, vale a pena um resgate histórico. Num seminário realizado no Senado, em 1974, Jaime Lerner apresentou a conferência Humanização das cidades.
Há 35 anos, o conceituado arquiteto expressou preocupação com o avanço dos automóveis na capital federal:
“Acredito que é fundamental uma nova conceituação para o problema de circulação em Brasília, onde o automóvel dê lugar ao transporte coletivo; onde o transporte de massa possa integrar toda a população, não só do Plano Piloto como de toda a região, e onde a mentalidade ou a preocupação rodoviária deva ceder e perder a sua importância; partir da aridez dos espaços vazios para uma política de áreas verdes, sustentada por uma estrutura de animação bem definida.”
[LERNER, Jaime. Humanização das cidades. In: I Seminário de estudos dos problemas urbanos de Brasília. Brasília: Senado Federal. 1974, p. 118]
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
vaga viva em SP
Manifestantes colocaram um colchão em uma faixa da Rua Padre João Manuel, próximo à Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde desta sexta-feira (18). Denominado "Vaga Viva", o protesto tem como objetivo mostrar como as vias públicas podem ser utilizadas na ausência de carros. A manifestação ocorre às vésperas do Dia Mundial Sem Carro, que acontece na próxima terça-feira (22). Conforme o Movimento Nossa São Paulo, além de estimular as pessoas a deixarem seus carros em casa, a data serve para “lutar por um transporte público de qualidade, por menos poluição do ar, por respeito ao pedestre, por mais ciclovias” (Foto: José Luis da Conceição/AE)
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1310038-5605,00-MANIFESTANTES+COLOCAM+COLCHAO+NA+RUA+EM+PROTESTO+CONTRA+EXCESSO+DE+CARROS+E.html
desafio intermodal em São Paulo
Bicicleta mais rápida que helicóptero
Que a bicicleta é mais rápida que o carro, já não é novidade. Mas chegar antes do helicóptero foi uma surpresa até para mim.
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O maior objetivo do Desafio Intermodal é mostrar que existem outras opções além do automóvel para se deslocar numa grande cidade como São Paulo. Ir de ônibus ou Metrô até algum lugar não é tão mais demorado que o carro (imagine então se tivéssemos corredores de verdade e o mesmo investimento em transporte público que temos para o uso do automóvel). E o conforto oferecido pelo carro é relativo: eu prefiro ficar uma hora em pé num ônibus do que uma hora dirigindo em um trânsito travado. E nem vamos falar aqui sobre poluição, nem sobre o custo da viagem: quem tem e mantém um carro sabe o quanto ele custa ao longo de um ano.
Há opções que as pessoas nem cogitam, às vezes sequer imaginam. Com o advento do Bilhete Único, você pode pegar mais de um ônibus (ou integrar com metrô e trem) para chegar onde quer. Você pode pegar um ônibus qualquer que vá mais ou menos para o lado onde você precisa ir, descer numa grande avenida e pegar outro por lá.
Há também a bicicleta dobrável, que pode ser utilizada para chegar até um ônibus ou metrô. Você então a dobra e leva com você até desembarcar, quando ela pode ser montada novamente para chegar ao destino final. E também é possível até mesmo ir a pé por todo um trajeto ou por parte dele, integrando com transporte coletivo. Numa época em que eu morava a 3,5km do trabalho, era comum eu ir a pé, fazendo o percurso em cerca de meia hora.
Tudo é questão de tentar, fazer um teste, começar aos poucos. Às vezes uma pequena mudança, uma experiência que você faz num dia sem pressa, faz você começar a ver as coisas de outro modo e enxergar opções que antes estavam escondidas atrás da cortina do hábito e da rotina.
A bicicleta vencedora
Ricardo Bruns usou uma bicicleta do tipo conhecido como “fixa”. Ao contrário das bicicletas convencionais, os pedais de uma fixa giram junto com o eixo da roda, de forma que se movimentam durante todo o tempo em que a bicicleta está se movendo. São as preferidas dos bikeboys de Nova Iorque.
A bicicleta tinha outra diferença: o guidão mais estreito. Eu já tentei utilizar com a minha bicicleta a Av. Nove de Julho, caminho que o Bruns fez, mas o espaço entre os carros parados é muito estreito e acabei desistindo. E o caminho que eu fiz, subindo a Brigadeiro Luís Antônio, foi mais fácil para mim do que seria para a fixa, já que uma bicicleta desse tipo não possui marchas.
O caminho feito com a bicicleta fixa tinha praticamente a mesma distância do caminho que fiz. Mas era plano e Bruns pegou algumas ruas mais tranquilas pelo Itaim, onde foi possível desenvolver mais velocidade que em meio aos carros parados, desviando dos retrovisores (sem bater neles – até porque isso para um ciclista significa queda) e aguardando as motos que entopem os corredores. Sim, a bicicleta passa onde moto não passa, principalmente com um guidão mais estreito como o da bicicleta que ele pedalava e às vezes as motos entupidas nos corredores impediam minha passagem na Brigadeiro e na JK.
Parabéns ao Ricardo Bruns, que soube escolher bem o caminho e chegou em dois terços do tempo do helicóptero (22 min), inteiro e sem desrespeitar as leis de trânsito. Da minha parte, fiquei satisfeitíssimo em chegar apenas três minutos e meio depois do helicóptero e por ter melhorado o tempo do ano passado em cerca de cinco minutos (nesse ano, completei em 37 minutos).
O bikeboy
O bikeboy – ou bike courier, bike messenger, ciclista de entregas, como queiram – Neto, da Ecobike, chegou apenas 30 segundos depois do motociclista que ficou em segundo lugar e bem antes do motoboy. Isso faz cair por terra a idéia de que não valeria a pena usar um bikeboy para os serviços pessoais e da empresa, porque teoricamente levaria mais tempo. Entregas feitas por bicicletas, com entregadores profissionais, levam o mesmo tempo que as entregas feitas por moto, podem custar menos e não poluem o ar que todos nõs respiramos. Experimente.
O helicóptero
Ponto a ponto, o helicóptero é inegávelmente mais rápido. Mas há mais coias envolvidas no uso do helicóptero do que apenas voar daqui até ali.
Como relata em um ótimo post o jornalista Milton Jung, da rádio CBN, é preciso subir até o heliponto, aguardar o pouso do helicóptero, aguardar autorização para decolagem (pois há congestionamento até de helicópteros em São Paulo!) e respeitar os corredores de tráfego aéreo que existem na cidade. O tempo total foi de 33:30.
Outras surpresas
André Leme, o corredor, completou o percurso bem antes do carro. Sabe quando dizem que “dá vontade de largar o carro e sair correndo”? Pois é: funciona. Leme teve o tempo de 1h06, enquanto o carro levou 1h22 para chegar. Mesmo Laércio Muniz, que foi andando, chegou apenas 10 minutos depois do automóvel. Deixe seu carro em casa e vá a pé.
A bicicleta dobrável integrada com ônibus levou 1h08 para chegar, mostrando uma alternativa interessante para quem não quer pedalar longas distâncias. Ele pedalou até o ônibus, dobrou a bicicleta (o que é feito rapidamente), embarcou com ela numa sacola destinada a isso e, depois de descer do ônibus pedalou mais um pequeno trecho.
Mas o mais inusitado nessa competição foi um PATINETE chegar antes do automóvel. Lucien Constantino fez o tempo de 58 minutos, chegando antes do carro e até mesmo do corredor. E o motorista do automóvel viu o patinete ultrapassá-lo, mas não podia fazer nada para evitar, já que muitos outros carros impediam seu deslocamento.
Transporte público e cadeirante
Não precisamos nem considerar a bicicleta dobrável como transporte público (e poderíamos: afinal, parte do trajeto foi feito de ônibus). Ricardo Toshio utilizou apenas ônibus e teve um tempo de 1h11, contra o 1h22 do carro. Quem utilizou trem e metrô levou 1h24 e trêm e ônibus 1h29.
A cadeirante Flávia Maria Paiva Vital, animadíssima, chegou em 1h48 minutos. Considerando a falta de acessibilidade de São Paulo (poucos trajetos de ônibus adaptados, calçadas intransitáveis, travessias difíceis), não foi tão pior que o carro. Mas a cidade precisa evoluir muito no trato a quem tem restrições de mobilidade, passando a ser mais inclusiva e viável para quem precisa se locomover numa cadeira de rodas.
Resultados
A tabela completa de resultados pode ser conferida no site do CicloBR, clicando aqui. Além dos tempos, há informações sobre o custo e o CO2 emitido por cada participante para completar o percurso. Com o custo da viagem de helicóptero, por exemplo, daria para comprar várias bicicletas…
Mais bicicletas pelo caminho
Uma coisa que notei esse ano é que havia bem mais bicicletas ao longo do caminho. E não estou falando de quem resolveu me seguir não: eram pessoas voltando do trabalho, pedalando sua bicicleta pelas ruas da cidade. A bicicleta tem sido cada vez mais utilizada como meio de transporte em São Paulo, mesmo que não tenhamos iniciativas de larga escala para integrar a bicicleta ao fluxo viário da cidade e aumentar a segurança de quem utiliza esse “modal”. E não precisa ir longe: algumas pequenas iniciativas fariam a maior diferença.
Tá com pressa? Vá de bike, de patinete, correndo, de metrô, de ônibus…
e viva o carro!
Pesquisa aponta que paulistano compra mais carro e gasta média de 2h43 por dia no trânsito
Em São Paulo
A pesquisa, motivada pelo Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro, próxima terça) e realizada com 805 pessoas entre os dias 28 de agosto e 1º de setembro, apontou que mais paulistanos são proprietários de carro em relação ao ano passado. O número passou de 37% em 2008 para 50% do total de entrevistados em 2009.
Por outro lado, a pesquisa mostrou que cresceu também o uso de transporte público, tanto em ônibus (20% para 28%), metrô (6% para 13%) e trem (3% para 5%).
A investigação também tratou de temas polêmicos e recentes, como a opinião sobre a restrição aos fretados, a ampliação da Marginal Tietê e a liberação do serviço de mototáxi.
A população se divide quanto à proibição dos fretados - 47% dos entrevistados são a favor da medida e 51%, contrários. Quadro semelhante acontece nas opiniões sobre a liberação de mototáxi, com 50% a favor, e 48%, contrários. Quando a pergunta foi sobre a utilização desse serviço, 57% afirmaram que não optariam pelo serviço, enquanto 37% disseram que usariam.
A ampliação da marginal Tietê, com novas pistas, ganhou a aprovação de 89% dos entrevistados, mas, para 56% das pessoas, o dinheiro gasto na obra deveria ser utilizado para ampliar linhas de metrô, de trem e corredores de ônibus.
Também ganhou aprovação o aumento do rodízio para dois dias semanais, com 52% dos entrevistados a favor e 44% contra. Já o pedágio urbano só foi aprovado por 26% dos ouvidos pelo levantamento do instituto de opinião pública Ibope.
A população de São Paulo está totalmente insatisfeita com o trânsito. A nota média para a situação do tráfego na cidade, de zero a dez, foi de três. Para 47% dos entrevistados, o trânsito é considerado "péssimo". Pelas respostas da pesquisa, o paulistano desperdiça, em média, 2h43 todos os dias no trânsito.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Cine Diálogos Ambientais
Estimados colegas de pedal:
Neste mês de Setembro, a UnB, através do Núcleo Agenda Ambiental está apresentando, um debate do tema Mobilidade Sustentável.
Horário: 19h,
Local: auditório Dois Candangos (Fac. de Educação/UnB),
Estarão presentes:
Thiago Benicchio, codiretor do filme Sociedade do Automóvel e um dos mais antigos participantes da Bicicletada São Paulo. Foi um dos articuladores da 1a Bicicletada Social Mundial, no FSM 2009 em Belém, e já participou como expositor em eventos como o Toward Carfree Cities 2008, em Portland, EUA. Escreve regularmente na página apocalipsemotorizado.net .
Paulo César Marques da Silva, professor do Programa de Pós-Graduação em Transportes da UnB e um dos coordenadores do seu Plano de Circulação. Como representante da Anpet (Associação Nacional de Pesquisa e Eensino em Transportes), é um dos especialistas que discute a Tarifa Zero e, entre outras áreas, se dedica há anos a estudos e políticas de Mobilidade Sustentável. É ainda autor do blogue bsb-in-transitu.
Yuriê Baptista César, estudante de Geografia. Cicloativista. Conselheiro da União de Ciclistas do Brasil. Coordenador Projeto Bicicleta Livre, do Núcleo da Agenda Ambiental, DEX/UnB. Desde os 12 anos utiliza a bicicleta como meio de transporte.
Francisco Delano de M. Mourão, participante da Bicicletada Brasília (movimento inspirado no Critical Mass, nascido nos anos 90 em São Francisco, EUA) e ex-aluno de Ciência Política da Universidade de Brasília, foi membro do Projeto Bicicleta Livre e tem se dedicado a estudar abordagens críticas da tecnologia e movimentos sociais que se relacionam ao tema.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Bicicletas e a história afetiva da cidade
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?id=921516&ch=
Bicicletas e a história afetiva da cidade
Quando se fala da biografia de um indivíduo mostram-se os fatos que o marcaram e que foram por ele marcados. A cidade como espaço vital de muitos indivíduos, habitat da civilização, é o grandioso encontro de muitas histórias singulares, de muitos fatos individuais que se entrecruzam em caminhos, ruas, praças, parques e demais nichos urbanos.De alguma maneira, no entanto, tudo isto vem sendo ameaçado por um modelo de urbanismo que prevê somente as macroestruturas, que se esquece dos pequenos detalhes, dos prazeres do contato direto com a rua. É como se todas estas dádivas da vida civilizada estivessem pouco a pouco tornando-se indisponíveis à maior parte das pessoas.
Criaram-se zonas de separação, distâncias intransponíveis e a história afetiva da cidade vem sendo apagada com a frieza cirúrgica das pranchetas. No lugar do convívio, vemos crescer uma cultura de medo, de vidros escuros nos carros, de isolamento no privado e esquecimento deliberado do público. A cidade, espaço ideal de troca, de convívio, de vida, tornou-se local de trânsito, de estranhamento, de conflito e de velocidades artificiais, que beiram o absurdo – deputados que voam a 190 km/h e carros parados em congestionamentos crescentes. É a barbárie que se insinua a todo instante.
O urbanismo vigente, centrado no trânsito dos automóveis, e a economia das nações, baseada em sua produção e venda, fizeram das cidades um não lugar, um espaço de esquecimento, uma imagem que passa pelo vidro do carro. Favorecer primeiramente o automóvel significa não considerar de maneira adequada outras formas mais enriquecedoras de se transportar pela cidade. O monopólio automotivo impede o ciclista e o pedestre de se locomoverem. Pelas distâncias que são criadas, pelas péssimas calçadas e pelas ciclofaixas e ciclovias ausentes, o carro bloqueia o fluxo de todos. Os que estão dentro ficam parados, impacientes e intolerantes; os que estão fora têm de brigar pelo espaço e pelo direito de não serem atropelados. Como disse Ivan Illich: “Além de prover locomoção, prestígio, licença sexual e sentido de poder, tudo isto junto, o automóvel deixa sem chão o caminhante.”
O debate sobre o uso de bicicletas como meio de transporte em Curitiba ganhou uma força nova com o aparecimento das Bicicletadas, no final de 2005. São manifestações livres e criativas que visam nada mais do que à conquista do espaço urbano, a diminuição do número insensato de carros em nossas ruas. Na contramão de toda estimativa científica, dos dados de saúde pública às pesquisas de acidentes de trânsito, o automóvel segue sendo o grande beneficiário dos planejamentos urbanos.
Apesar do alerta dado por Gui Debord em 1959, o carro continua como tema central do urbanismo das grandes cidades. Disse então o porta-voz dos situacionistas: “Não se trata de combater o automóvel como um mal. Sua exagerada concentração nas cidades é que leva à negação de sua função. É claro que o urbanismo não deve ignorar o automóvel, mas menos ainda aceitá-lo como tema central. Deve trabalhar para o seu enfraquecimento. Em todo caso, pode-se prever sua proibição dentro de certos conjuntos novos assim como em algumas cidades antigas.”
É possível um uso racional do automóvel. E é mais do que viável, na verdade, imprescindível, a criação de espaços seguros para o trânsito de bicicletas, ligando os bairros ao centro da cidade de maneira rápida, segura e agradável. É necessário ousadia para inverter um pensamento atrasado, retrógrado e retraído, que ainda vê o carro como símbolo de conquista social. As medidas urbanísticas que priorizam o trânsito dos automóveis apagam e reduzem o calor proporcionado por uma experiência afetiva da cidade. Pensamos aqui no contato direto com as árvores das praças, as subidas dos morros, o prazer das ladeiras, o brincar na rua, o sair de casa sem medo – a ocupação do espaço.
Em vez disso, observamos uma proliferação de shoppings e o estímulo a um estilo de vida carente de cultura política. Quanto de política há numa praça de alimentação? A questão também se traduz em termos quase hedonistas, numa esfera de escolhas prazerosas. É muito mais interessante vir do São Lourenço ao Centro da cidade pela ciclovia que segue o Rio Belém do que conduzir seu próprio carro na pista de corrida da Mateus Leme, ou ficar sentado passivamente por cerca de 20 minutos num ônibus. E, nas duas últimas opções, ainda se tem de pagar por isso!
O ciclista ainda tem muitas vantagens até mesmo sobre o usuário do transporte coletivo. Ressaltamos principalmente sua autonomia, a liberdade de escolher seu caminho. Ele não será transportado passivamente, mas criará sua rota, determinará sua velocidade e terá que fazer escolhas responsáveis. Ele será seu próprio motor e entrará em contato direto com seu corpo. Sentirá o coração pulsando, as pernas em movimento e os limites de sua capacidade pulmonar. Terá alguns conhecimentos a mais sobre si mesmo. Em trajetos de até 10 quilômetros é sempre mais vantajoso ir de bicicleta.
Neste mês de setembro, Curitiba é mais uma vez o palco de reflexões e práticas que visam chamar a atenção da sociedade a esses questionamentos. A frase que nos inspira também vem dos situacionistas: “Precisamos passar do trânsito como suplemento do trabalho ao trânsito como prazer.” O prazer está na vida real, na cidade real, no corpo real. A bicicleta socializa a cidade e leva as pessoas ao encontro umas das outras. As cidades são das pessoas e não das máquinas. Como afirma Illich: “Uma cidade construída em função das rodas torna-se inapropriada para os pés, e nenhum aumento do número de rodas pode superar a imobilidade fabricada desses aleijados.”
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
carros e morte
terça-feira, 8 de setembro de 2009
"Pense numa coisa mal feita..."
relato do nosso amigo Denir:
"Pense de novo, numa coisa mal feita, de má vontade e a contragosto....
50 ciclistas???
Pare e dê prioridade aos carros que vão virar à direita...
E olha a qualidade das letras!
Esta faixa branca transversal, é a mesma faixa de retenção usada nos semáforos???
tão fazendo uma ciclofaixa para carros, kkkk
Uma ciclofaixa não deveria ser contínua sempre, com as intersecções sinalizadas com prioridade para a BICICLETA??
E a faixa central descontínua, pra quê?, se a ciclofaixa é de mão única??
Ah, sim... a ciclofaixa é para carros....
Até eu faço um stencil melhor que isto. Eita, serviço malfeito!
Mas , numa sociedade demagógica, vale a lógica do “melhor pouco do que nada”, ou “seria melhor porco do que nada”?
O jornal vai noticiar, o GDF diz que ta fazendo, e os ciclistas ficamos todos felizes...
Denir"
Cine Pedal especial em setembro!
Cine Pedal
4/SETEMBRO
Ladrões de Bicicletas, 93’, Vittorio De Sica, Itália, 1948
11/SETEMBRO
As Bicicletas de Belleville, 82’, Sylvain Chomet, França, 2003
18/SETEMBRO
O Homem do Rio, 110’, Philippe de Broca, Itália/França, 1964
25/SETEMBRO
Amor é tudo, 110’, Joram Lürsen, Países Baixos, 2007